Ela há muito vive assim, uma vida de não dever nada a ninguém, explicações nunca dá, não recebe ligações para saber onde ela está. Hoje ela colocou uma saia curta, saiu na rua alguém olhou, ninguém reclamou. Ela seguiu até o trabalho, bom dia, bom dia, boa tarde, até amanhã! Volta ela e sua saia, volta ao caminho de casa. Dorme ela numa cama vazia, e acorda como foi dormir. Café, pão na chapa, não precisa dividir. O mesmo caminho e bom dia, bom dia, boa tarde, até amanhã! Fim de semana mais uma vez, o pão inteiro, um litro de leite que dura um mês. Triste? Só se ela quiser, só ela permitir que seja. Cama vazia não é solidão, opção por vezes não, mas condição. Acostuma ou não? Planos ela faz, sozinha fazer o que? Mas vive assim, se alguém depois merecer dividir com ela aquele pão, ela divide os planos. Senão ela continua, e triste não precisa ser. Amigos aos montes, família boa, marido, casa, filhos, é bom ter, não digo que não. O caso aqui é outro, f