De volta


Não poderia argumentar nem mais nem melhor, nunca foi bem em dar desculpas, não soube criar uma situação. Poderia dizer tudo o que sentia sem rodeios, ou entregar-se, e depois voltar atrás caso fosse preciso. Mas em seu rosto aquela sinceridade que a pouco enxergava-se, já confundia-se ao medo que lhe tomava, pois temia amar e entregar-se novamente. As coisas não eram como antes, necessitava de uma tal segurança que naquele momento deveria vir de fora. 
Se aquela pessoa, na qual toda sua confiança e dedicação fora confiada, se ela não estava certa do que sentia, então já não lhe cabia ali permanecer. Nunca fora tão confiante quanto a sua capacidade em despertar no outro qualquer afeição. Aquele caso sempre fora tão estranho pra si, e manteve-se um tanto solta, um tanto presa ao fato de que tudo poderia dar errado.
E não era somente neste sentido em que sua autoconfiança era falha, não lhe surpreendia não ser eleita em qualquer que fosse a disputa, não conhecia a palavra ganhar, sentia-se um ser em fracasso a cada novo obstáculo, em uma vida que não havia pódio, e que a linha de chegada ficava muito longe de sua desistência. 
Naquele dia em particular, não poderia ser diferente, já que sabia que o que estava a sentir naqueles dias lhe traria de volta à vida que sempre teve. 
E tudo fora lhe devolvido na cara, e enquanto despedia-se daquela curta e deliciosa experiência de ser amada, já sentia em seu peito aquele vazio tão familiar e tão assustador.

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