Lembranças
Os azulejos estão no mesmo lugar, assim como o arranjo de flor artificial na mesa de centro. Tudo permaneceu imóvel na velha casa durante anos, mas o tom não é o mesmo e nem o cheiro; o pó é visível e incômodo, cobre os objetos. A prataria embaçada nem de longe são as mesmas daquele tempo. Os livros na estante comidos por traças, já não podem ser lidos. Eu só posso convir que até os objetos envelhecem. Lá fora o mato cresceu, tantas plantas murcharam, outras novas nasceram. O balanço em que eu voava está quebrado, a velha tabela de basquete enferrujada, não há bolas nem vidraças, nem brincadeira de taco. Só há lembranças, um passado enfeitado como bolo de aniversário.