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Mostrando postagens de 2009

Guardiões e Inimigos

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Estou me sentindo assim, bem e mal. Mal, porque desaprovo algumas de minhas atitudes, me arrependo até, ainda que saiba que nada eu possa mudar, é tão estranho! Me sinto alegre e triste, coisas tão opostas que conseguem estar presentes num mesmo instante. Não entendo e insisto, porque não me parece direito. O choro se manifesta na alegria e na tristeza, e eu não quero chorar, não é justo chorar de alegria neste momento e de tristeza eu não gostaria. O que acontece então? Eu disse que estou bem, e estou, não é mentira, mas não há um sorriso estampado em meu rosto agora, nem há lágrimas, só um rosto aparentemente apático, uma cara indecifrável, um silêncio, uma longa pausa. É difícil explicar, ou dar a entender quando nem você mesmo entende, e não quer dar explicações, para que não haja suposições. Eu me alegro, não deveria me queixar por nada, nem ser ingrata. Tenho saúde, uma familia do meu lado, amigos poucos e bons, vivo momentos incríveis, pelo menos assim os considero. E me pergunt

Já nem sei

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Os caminhos começam certos e terminam tortos, iniciam tortos e terminam retos, ou não terminam, simplesmente se fundem em outro caminho que também é indeterminado. Não há o que se prever além da linha reta, não há como prever o que está além da curva. O que sei, ou pelo menos imagino, é que a gente se prepara. Construímos para o infinito, coisas que perduram instantes, planejamos um futuro distante que já virou passado. Esquecemos o valor do que realmente importa, e nos tornamos mesquinhos, nos prendemos às coisas, e deixamos que as pessoas passem, que o tempo corra. Deixamos por conta do tempo o que somos incapazes de resolver, porque o consideramos remédio para toda e qualquer dor, muitas vezes ele é, ou não. Na verdade somos tão pequenos, e nos sentimos menores diante de provações. Imagino que elas sejam como pontes que nos levam para outro lado, digamos um lado mais real da coisa, por vezes pior, mas real. É difícil sentir dor, é difícil enfrentar o medo, é difícil deixar o tempo

O que eu não sei

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Não sei diferenciar seis de meia dúzia, Nem tampouco letra em música, Não sei amarrar cadarço, Por isso me embaraço. Não sei andar direito, Não sei o que é defeito; Nem razão Ou coisas do coração. Não tenho muito a dizer, Tento às vezes escrever; Pouco consigo, Então não prossigo. Queixo-me muito sem razão, Mas me chateia não ter inspiração; Meu mundo é destruição O caso é: me falta motivação. Estou no acaso, mas insisto em mudar as coisas, Muitas vezes me encontro à-toa; Conversas vazias Dão-me azia. E como minha mãe dizia Acorde cedo vá ganhar o dia! Ora quem diria Acordando agora e já passa do meio-dia.

Tropeços

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Tropeço um milhão de vezes no mesmo lugar Peço ajuda a quem não pode me ajudar Sinto-me dentro de um labirinto sem saída Com uma bússola que nada indica O norte nada difere do sul Nem o céu é mais azul Me pergunto se devo fugir Ninguém me impediria de ir Peço a Deus que multiplique minha esperança Dizem que depois da chuva vem a bonança Calmaria em nada me ajudaria Nem mesmo minha rebeldia Então fico a aguardar Sem saber onde isso me levará Talvez esse seja o ponto A gente precisa estar pronto.

Eu gosto de generalidades

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Ilustração: Studio Edvard Scott Sim eu gosto de generalidades! Nada sexual, não é isso, mas não que eu tenha preconceito também, pelo contrário, o que quero dizer é que gosto de gostar de várias coisas, de uma coisa e de seu oposto, do específico e do universal, do único e do composto. Gosto de sol e de chuva, de calor e frio, doce e salgado. Não sei gostar do branco sem gostar do preto, do azul, amarelo, verde. Gosto de mãe, de pai, vô, vó, irmãos, carinho, bronca. Gosto quando as pessoas se importam comigo, mas também não ligo para aquelas que não se importam. Conversas intelectuais me interessam, mas também me interessam as nada inteligentes, ou produtivas. Gosto de cultura inútil, que também são de utilidade, gosto de piada engraçada e as sem graça, que a gente ri sem saber porque. Cada dia sou uma pessoa, sem deixar de ser eu mesma, ou talvez eu deixe, não sei, porque ninguém é sempre o mesmo, nem se quisesse não seria. E eu gosto disso também, gosto de evolução, mudanças, mas ta

Tempo

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imagem: Salvador Dali, A Persistência da Memória (1931) Como pode o tempo ser tão relativo? Tempo de descanso é bom, mas passa rápido Tempo de espera é lento e chato Tempo namorando é agradável Tempo brigando é tempo mal empregado Tempo dormindo é relaxante Tempo pra acordar é querer 5 minutos a mais Tempo para construir é trabalhoso Tempo para destruir é volátil Tempo com insônia é interminável Tempo para conquistar é gratificante Tempo de derrota é frustrante Tempo investindo é relevante Tempo com sinceridade é ganho Tempo com mentira é roubar tempo dos outros Tempo com guerra é tempo perdido Tempo de saudade é querer voltar o tempo Tempo de estudo é investimento Tempo com preguiça é deixar o tempo passar Tempo para pensar é querer pausa Tempo de inveja é estupidez Tempo de nascer é início Tempo de morte é despedida Tempo de vida é o que temos, Aproveite o seu!

Uma Pomba

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Em uma manhã eu estava andando pela rua quando me deparei com uma pequena pomba estirada no chão, a pobre tinha a aparência de ainda estar viva, porém não havia mais nem um sopro de vida para dar, este tinha sido o seu triste fim e era definitivo. A imagem daquela pobre não saia da minha cabeça, não sei dizer porque, mas fiquei incomodada com a cena e muitas coisas começaram a passar pela minha cabeça, quem a havia matado, seria a morte dela o resultado de uma brincadeira de garotos, ou teria ela sido atropelada por um carro, uma bicicleta. Pensei também que a causa pudera ser por envenenamento, mas enfim, nada fiz, apenas passei, olhei e fui embora. Na manhã seguinte passei pelo mesmo lugar, e a pomba continuava ali, a olhei por cerca de dois segundos e segui meu caminho. Desta vez a pomba já não possuía a mesma aparência, ela estava no mesmo lugar, porém com centenas de formigas em volta de seu pequeno e frágil corpo. Quando cheguei em meu trabalho, comecei a refletir sobre aquela v

Grão de areia

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Eu sou um grão de areia, que surgiu em uma praia e a brisa levou pro alto. Quando caí, nada reconheci. Sou uma andarilha por natureza, mas não tenho pernas para andar, apenas me encosto, me envolvo, me perco por aqui e por ali. Já entrei em casa alheia, na sola de um sapato velho, e de lá me varreram também. Eu não sei dizer porque, mas não fui aceita no lugar, na verdade nunca fui, por isso não pertenço à lugar nenhum, nem nada me pertence. Conheci asfaltos, pedras, e coisas tão pequeninas que nem nomes as dão, conheci tantos lugares e pessoas, que teria um milhão de estórias para contar, mas ninguém para ouvir, porque nunca alguém ao menos me olhou. Já sofri por isso, até já chorei, mas nem dor, nem sofrimento eu tenho direito de ter, não algo insignificante como eu. Na verdade, nem direito eu sei o que é, pois nunca tive, nem atitude ou ação por pura vontade. Só vou pra onde me levam, e em muitos lugares que eu quis ficar, mas não pude, e já sabia, porque poder não me cabe, nunca co

Lua adversa

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Tenho fases, como a lua. Fases de andar escondida, Fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, Tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e que vêm, No secreto calendário Que um astrólogo arbitrário Inventou para meu uso. E roda a melancolia Seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a lua...) No dia de alguém se meu para No dia de alguém ser meu... E, quando chega esse dia, O outro desapareceu... Cecilia Meireles

O seu santo nome

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Não facilite com a palavra amor. Não a jogue no espaço, bolha de sabão. Não se inebrie com o seu engalanado som. Não a empregue sem razão acima de toda razão (e é raro). Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra. Não a pronuncie. Carlos Drummond de Andrade

Amor é prosa, sexo é poesia

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Hoje vou falar um pouco da obra do cineasta, crítico e escritor Arnaldo Jabor. O livro em questão é: Amor é prosa, sexo é poesia , composto por 193 crônicas afetivas e selecionadas escritas pelo autor. O livro é interessante, porque mostra um lado de Jabor diferente do que estamos habituados. Ele que sempre aparece na televisão falando de política, economia, aqui mostra um lado mais sentimental, fala de sexo, amor, família, mulheres. Não sei se já ouviram aquela música da Rita Lee, Amor e sexo , a letra desta música foi retirada de um artigo do Arnaldo que por sua também a cita nos agradecimentos do livro. “O amor depende de nosso desejo, o sexo é tomado por ele”. Arnaldo Jabor.

Uma ponta de Clarice Lispector

Eu estava passeando pelo Youtube e encontrei uma entrevista da escritora Clarice Lispector, esta mulher é realmente sensacional. Se você tiver oportunidade de ler qualquer livro, texto, crônica ou linha escrita por Clarice Lispector, leia! Eu realmente a admiro muito, Clarice umas das minhas escritoras preferidas, e uma grande inspiração. Assista abaixo a entrevista dividida em 5 partes, confira! Entrevista Clarice Lispector 1977 - parte 1: Entrevista Clarice Lispector 1977 - parte 2: Entrevista Clarice Lispector 1977 - Parte 3: Entrevista Clarice Lispector 1977 - Parte 4: Entrevista Clarice Lispector 1977 - Parte 5:

O início da ponta

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Eu sou uma ponta, assim como qualquer outra, o início ou o fim de algo. Eu sou uma coisa pontuda, e posso machucar, ferir. Eu geralmente não tenho maldade, mas muitas vezes sou utilizada por que tem intenção de ferir. E penso que estou no lugar errado, eu queria ser o meio, estar no centro das coisas, ser enxergado como algo que é continuidade de outra, que é a ligação, o desenvolver. Eu queria ser um meio, mas não sou, e se eu fosse? Será que eu ia querer ser uma ponta?