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Perspectiva

Uma brecha nos meses que se passaram naquele cubículo Uma chance em outras mil impossibilidades de escapar Raciocínio lógico Há pressa. Pensar em não conseguir, é sequer possibilidade AGIR! Seja breve! Mova-se em linha reta, dizia consigo Deixe o passado ser E não volte Assuma tua escolha, pois é preciso Voar, ainda que baixo, é voar Arriscar o pouco que se tem, significa ter algo Não tenho muitas chances, mas me basta uma Foi assim que fugi Trocando o temido pelo incerto A prisão pela liberdade E medo pelo medo Num caminho desconhecido Com nada nas mãos Apenas pés e chão Perspectiva

Cartas

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Mantinha suas cartas salvas em “.doc”, e mudava o destinatário para envio. No remetente apenas um coração. E o manuseio com luvas de látex.  Duvidava que alguém se importasse, ou por ventura apreciasse as palavras bobas, de uma jovem estúpida. Guardava em si uma vontade imensa de esperar escondida, para ver a reação de quem recebia seus escritos. Mas a tamanha timidez, e segurança que o anonimato lhe proporcionava não a permitiam arriscar-se ser descoberta. Muita discrição na hora de ir ao correio. Capricho e delicadeza no preparo dos envelopes. Seu pequeno prazer diário. Seu mundo paralelo e intocável.

Amanhãs

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E mais uma vez o mundo te põe à prova. Gritar, correr, se revoltar, ou simplesmente silenciar. Deixar algumas lágrimas caírem sem controle... Que as noites sejam refúgio quando houver sono.  Ou pensar mil coisas até o amanhecer. E se eu me achar burra, e se eu me enxergar fraca e tola por não me rebelar. Só quero que haja amanhãs. Que faça sol, e que cada pôr leve consigo, um pouco do mal que há em mim. Parque do Carmo Parque do Carmo

Apartamento 22 ou morar num abraço

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O mundo girando na cabeça daquele cara de jaqueta azul, dançando músicas alternativas sob efeito alcoólico. Seu colarinho evidenciando um cheiro de uísque, misturado com Marlboro de filtro vermelho e outras bebidas baratas. Pra ele aquela era mais uma noite em que tentava não ser um solitário qualquer dentro de um apartamento qualquer de número 22. Seria mais uma noite em que ele chegaria numa mulher não muito bonita e nem muito feia, com a intenção de levá-la pra casa pra acordar na manhã seguinte ao seu lado e apreciá-la dormindo como se fosse sua namorada. Só contemplá-la por 5 minutos até então ela sentir que está sendo observada e acordar assustada como de um de um sonho ruim. A mesma cena, semanas após semanas, e a cada vez mais um gosto descartável em seu paladar. Ele procurava uma mulher com a qual pudesse repetir a cena da manhã, e não assustá-la. Procurava algum detalhe que o fizesse reconhecê-la, talvez seu cheiro, um perfume de flor de lótus, um cílio caído no

Vontades

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Sentia necessidade de escrever algo, mas estava sem inspiração. Começou com palavras soltas, e terminou com uma carta de suicídio. A vontade, matou; a carta; na primeira gaveta da escrivaninha.

De volta

Não poderia argumentar nem mais nem melhor, nunca foi bem em dar desculpas, não soube criar uma situação.  Poderia dizer tudo o que sentia sem rodeios, ou entregar-se, e depois voltar atrás caso fosse preciso.  Mas em seu rosto aquela sinceridade que a pouco enxergava-se, já confundia-se ao medo que lhe tomava, pois temia amar e entregar-se novamente.  As coisas não eram como antes, necessitava de uma tal segurança que naquele momento deveria vir de fora.  Se aquela pessoa, na qual toda sua confiança e dedicação fora confiada, se ela não estava certa do que sentia, então já não lhe cabia ali permanecer.  Nunca fora tão confiante quanto a sua capacidade em despertar no outro qualquer afeição. Aquele caso sempre fora tão estranho pra si, e manteve-se um tanto solta, um tanto presa ao fato de que tudo poderia dar errado. E não era somente neste sentido em que sua autoconfiança era falha, não lhe surpreendia não ser eleita em qualquer que fosse a disputa, não conhecia a palavra ganhar, s

E nada

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Voltemos ao início de tudo Voltemos ao último resquício perdido O que encontro, senão, nada? Nem vento, nem sol, ou dia nublado Nem caixas, nem dança, nem circo Foi mágica, foi sonho, ou nem foi Foram pensamentos aos montes, ou tudo verdade Memórias, lembranças, invenção Mentiras, compulsão, susto Maior ou menor que a realidade Exercício da solidão Diversão de faz de conta Tudo é, e não; Aconteceu, e nada existe